21 de dez. de 2010

A Rede Brasileira de Atendimento a Emergências

          Como dito nos artigos anteriores, Não basta a criação de uma Força Nacional de Bombeiros, o fortalecimento dos Corpos de Bombeiros Estaduais e a criação de Corpos de Bombeiros Municipais para resolver o grave problema brasileiro de quase inexistência de serviços de socorro no País. Toda esta máquina a ser criada e desenvolvida precisa de uma rede de articulação e coordenação que faça com que o cidadão brasileiro e o estangeiro que nos visite tenha uma real segurança contra desastres. Esta máquina não pode ser somente reativa, mas sim pró-ativa, atuando na prevenção do desastre e, na sua ocorrência, articulando o acionamento das equipes de socorro o mais rápido possível, de modo que os danos causados sejam mínimos.

          Uma das motivações da criação da Força Nacional de Bombeiros é a de ser o organismo gestor de uma Rede Brasieira de Atendimento a Emergências. A FNB e os Corpos de Bombeiros Militares e Municipais estariam interligados numa malha informacional única, tendo todos os organismos interligados entre si. A coordenação geral desta malha seria da FNB. Nos âmbitos estaduais, todos os corpos de bombeiros municipais de um Estado estariam sendo coordenados pelo Corpo de Bombeiros Militar daquele Estado.

          Nesta rede estaria inserida uma grande base de dados sobre as ocorrências de socorro, atualizadas em tempo real,  por onde se teria uma radiografia completa do perfil do atendimento aos chamados de socorro, por município, por região, por Estado e em nível de País. Nesta rede estariam listadas todas as necessidades por pessoal, material formação, aperfeiçoamento de cada corpo de bombeiros do País, de onde se poderia oferecer atendimento personalizado e pontual para o suprimento destas necessidades.

          Outra vantagem desta rede seria a construção integrada e atualização, em tempo real, de um mapa de riscos de desastres do Brasil, contendo informações até em nível municipal, o que poderia dar suporte aos gestores públicos no desenvolvimento de políticas de prevenção de desastres, de acordo com o nível de risco e prioridades estabelecidos nas políticas publicas. 
           
          As solicitações de reforços também seriam feitas por esta rede onde, usando-se na filosofia do Sistema de Comando de Incidentes, os reforços e a cadeia de comando seriam estabelecidas, diminuindo o tempo-resposta do apoio e consequentemente uma maior rapidez da retirada de pessoas e bens das áreas atingidas e uma substancial melhoria dos trabalhos de mitigação dos danos e o controle dos vetores desencadeadores dos desastres.

          Esta rede poderia ser dotada de um sistema integrado de gestão de crises, onde todos os nós da rede (os copos de bombeiros integrados) poderiam participar do processo, o que determinaria a disponibilização de um aporte infinitamente maior de recursos, além de um banco de conhecimentos, que poderia ser disponibilizado, com experiências semelhantes e todo o procedimento decisório tomado, que poderiam ajudar em caso de gestão de crises em cenários semelhantes.
           Uma Rede Brasileira de Atendimento a Emergências se justifica não somente com o pouco aqui explicitado. Muito mais ela pode proporcionar, tanto para o Governo quanto para o cidadão. Mais sobre esta rede será falado em artigos posteriores.

A Municipalização da Execução dos Servicos de Socorro: a Solução para o Brasil Continental

           A Constituição Federal de 1988 é declaradamente municipalista, ou seja, confere aos municípios poderes que antes eles não tinham nas Constituições Federais anteriores. Exemplo disso é mostrado no Art. 23 da Constituição Federal, que diz:

"Art. 23. É de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - ______________________________
.................................................................
III - proteger os documentos, as obras de arte e outros bens de valor histórico, artistico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a decaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural;
V - prporcionar meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
VI - proteger o meio ambiente, e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
...............................................................
           Na sequência, o artigo 30 da Constituição Federal prescreve:
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II -suplementar a legislação federal e estadual no que lhe couber;
............................................................
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter especial.
.............................................................
           Mais ainda, o artigo 144 da CF dispõe sobre o seguinte:
Art. 144._________________________
.................................................................
§ 8º. Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
          Observa-se que a própria Constituição Federal dá poderes aos Municípios constituírem serviços considerados essenciais à sociedade local. Digo isso porque os serviços de socorro são serviços essenciais e a garantia da vida e o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural municipais devem ser protegidos dos incêndios, das enchentes e de outros desastres que podem tirar vidas e destruir bens. Nada na Constituição Federal e em legislações infraconstitucionais conhecidas proibem os municípios de constituirem corpos de bombeiros municipais. Pelo contrário, a própria Constituição Federal incentiva, como pode ser lido nas citações acima.

          A União e os Estados têm o dever de incentivar a criação de corpos de bombeiros municipais, com efetivos profissionais e voluntários civis, sob o comando dos bombeiros militares. Este trabalho pode ser iniciado de imediato, onde os frutos podem ser colhidos a curto e médio prazos, mas realmente amadurecidos e consolidados no longo prazo.
           A municipalização da execução dos serviços de bombeiros é bom para todos: Para a União seria o cumprimento do seu dever constitucional de prover a proteção das populações contra desastres e a capilarização deste serviço por todos os municípios brasileiros. Isto significa proporcinar ao Brasil um sistema de atendimento a emergências de primeiro mundo, digno de uma Potência Mundial. Isto é revertido em aumento do potencial de turismo, investimentos estrangeiros no setor industrial e de serviços dentre outros benefícios para a economia nacional.

         Para os Estados significa redução de custos com pessoal e material operacional que eles atualmente possuem para a manutenção dos dispendiosos corpos de bombeiros mlitares. Investimentos estrangeiros seria atraídos para os Estados uma vez que as empresas estrangeiras sabem que seus patrimônios neles instalados estariam protegidos contra incêndios e outros desastres, o que significa redução dos custos de implantação de plantas industriais e apólices de seguro mais baratas. 

         Para os municípios é um ganho de capital social e político, pois corpos de bombeiros municipais geram empregos, também atraem investimentos na forma de indústrias e serviços diversos, além de garantir a segurança e o bem estar da população, que se sentirá mais segura contra incêndios e outros tipos de desastres.
           Os prefeitos e vereadores ganham com tal investimento, pois a população municipal verá com bons olhos a preocupação do Governo Municipal em garantir-lhes segurança contra incêndios e desastres o que pode traduzir em resultados positivos nas urnas, nas eleições municipais.

          Alguém pode perguntar: de onde vai sair todos os recursos financeiros necessários para a implantação de um projeto de tal envergadura nos municípios? Existem fontes de fomento já identificadas e catalogadas, tanto nos âmbitos federal, estrageiro e privado que se dispõem em financiar estes projetos. Como já disse, quem ganha com o corpo de bombeiros municipal é o próprio munícipe e principalmente as empresas privadas e consequentesmente os Estados e o próprio País.

          No aspecto legal, pouca coisa ou nada precisa ser feito nos âmbitos federal e estaduais para que sejam criados corpos de bombeiros municipais. Apenas no âmbito municipal, todo um compêndio legal e normativo precisa ser desenvolvido para que as corporações municipais de bombeiros sejam criadas e operacionalizadas. Se houver interesse de prefeitos em saber como pode ser criado um corpo de bombeiros municipal é só comentar este artigo e postar um endereço eletrônico de contato. Teremos todo o prazer em prestar toda a assessoria necessária.  

          Como pode ser comprovado, todos ganham com a municipalização dos serviços de socorro. Os bombeiros militares não precisam ter medo desta mudança de paradigmas, pois seus respectivos papéis de protetores da sociedade serão ainda mais consolidados, pois todos os efetivos municipais estariam sob seus respectivos controles e coordenação. Aos bombeiros civis, alegria, muita alegria, pois estariam sendo abertos milhares de novos postos de trabalho para eles no Brasil.
          

Bombeiros Civis: uma realidade

          Os bombeiros civis, criados pela lei nº 11.901/2009, são uma realidade no Brasil. Uma grande massa destes novos agentes de proteção civil estão se posicionando no mercado de trabalho e cada dia mais se sente a necessidade do serviço deles na Sociedade. Ao que parece, uma minoria de bombeiros militares não gostam da existência e da presença dos bombeiros civis. Estes em sua maioria se sentem hostilizados. Muitas das vezes os bombeiros civis revidam com agressões que são infundadas. Prova disso pode ser lido no sítio http://najaravieira.wordpress.com/2009/06/17/a-desmoralizacao-dos-bombeiros-civis-pelos-bombeiros-militares-do-df/#comment-7.

           Os bombeiros militares não são os "monstros" que os bombeiros civis dizem que são. Contudo, as corporações militares de bombeiros não podem deixar de cumprir seu dever de Estado de regular o processo de formação, aperfeiçoamento e especialização dos bombeiros civis, fiscalizar as escolas de formação destes novos profissionais, cadastrá-los para o exercício pleno da nobre profissão que escolheram, bem como avaliar a condição profissional, física e médica destes profissionais periodicamente, de modo que a renovação de seus registros seja condicionada aos resultados das avaliações realizadas. Bombeiros lidam com vidas e para tal precisam estar bem preparados para o exercício da profissão.

          Os bombeiros civis podem perfeitamente atuar como agentes complementares aos bombeiros militares, principalmente onde os BM não estão presentes. Daí a idéia de se desenvolver uma rede integrada de serviços de emergência. Nos municípios onde não há bombeiros militares, os bombeiros civis, sob o controle e fiscalização dos primeiros executariam o serviço. É impossível os Estados da Federação manterem sozinhos cerca de 200 mil bombeiros (que é o mínimo considerado aceitável internacionalmente) e equipamentos necessários para a execução dos serviços de socorro. A União e os municípios também têm que assumir as suas respectivas cotas-partes.

          Portanto, não existe lugar para bombeiros militares e civis ficarem discutindo de quem é o serviço que executam. Cada uma faz a sua parte, na respectiva espera de competência, como já foi debatido em artigos anteriores. É dever do Estado e direito de todo o cidadão brasileiro ter à sua disposição um serviço de socorro de qualidade e ele possa lançar mão dele sempre quando estiver necessitado.

Bombeiros Federais: Sua Missão na Sociedade

          A Força Nacional de Bombeiros (FNB) seria uma instituição federal de proteção civil de pronto emprego, tendo o Presidente da República como Comandante Supremo e destinada a atuar na terra e nos mares, rios e lagos, usando meios terrestres aquáticos e aéreos para realizar missões de prevenção, combate e investigação de incêndios, buscas, salvamentos e resgates, atividades de emergências médicas e atendimento pré-hospitalar, gestão e atendimento a pedidos de socorro em áreas atingidas por desastres, reconstrução de áreas destruídas por desastres, dentre outras atividades em todo o País.

          Suas atividades inicialmente se concentrariam no Distrito Federal, nos Territórios Federais e em áreas de segurança nacional tais como em zonas de fronteira (portos, aeroportos e outras), Amazôna Legal, mar territorial brasileiro, além de outras sob a guarda e responsabilidade da União como, por exemplo, em parques nacionais, reservas indígenas e áreas onde se encontram instaladas usinas nucleares. Quando solicitado pelos Governadores e Prefeitos ao Presidente da República, a FNB poderia ser deslocada para as áreas atingidas por desastres, atuando como apoio às forças de socorro locais, no intuito de dar suporte logístico, gerencial e efetivos para o controle de desastres e restauração da normalidade.
            A FNB não estaria subordinada a qualquer ministério, estaria diretamente ligada ao Gabinete da Presidência da República e qualquer acionamento extraordinário da Força só seria feita mediante ordem expressa do Presidente da Repúplica.

           Como é sabido em todo o mundo, os bombeiros não são somente agentes de proteção civil, mas importantes agentes sociais, atuando diretamente com as comunidades mais sofridas, desprovidas de meios e mais necessitadas de apoio e recursos do Estado. Logo, os bombeiros federais atuariam em parceria com outros ministérios, tais como os da Saúde, das Cidades, do Trabalho e Emprego, da Educação, da Cultura, do Turismo, do Desenvolvimento Social, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente dentre outros, no sentido de levarem cultura, educação e saúde com enfoque prevencionista anti-desastre, transporte médico até unidades hospitalares de referência, prevenção e combate a incêndios urbanos e florestais, além de atuar na área de ciência, tecnologia e inovação, no intuito de desenvolver métodos de prevenção e mitigação de danos ocasionados por desastres, preparação das áreas de risco e educação das populações, de modo que suportem melhor as adversidades provocadas pela natureza ou pela ação humana, evitando desastres de grandes proporções.

          A preservação da vida não tem preço. Por este motivo é que a União deve criar a FNB, no sentido de se desenvolver uma rede de serviços integrados, federais, estaduais e municipais, sob a coordenação dos Bombeiros  Federais e que tenha como meta a preservação da vida humana e do meio ambiente. Desastres ocorrem todo o ano no Brasil, o que falta é ação governamental no sentido de dispor meios e preparar as comunidades vulneráveis para suportar os efeitos danosos, e muitas das vezes mortais, dos desastres.

          Alguns podem até perguntar: os bombeiros federais seriam civis ou militares? Não importa. O militarismo é somente uma ferramenta de organização e manutenção da disciplina dos contingentes bombeiros. A atividade de bombeiro é eminentemente civil e não militar. Se por tradição no país os bombeiros são militares, que sejam militares! Caso sejam civis, devido a natureza do serviço (perigoso e insalubre), direitos como estatuto próprio, aposentadoria e previdência especiais, adicionais de periculosidade e insalubridade, adicional de trabalho noturno, dentre outras vantagens devem ser garantidas a estes nobres servidores do Estado. Não é qualquer pessoa que arrisca a sua vida em detrimento de outras todos os dias. Nem os militares das Forças Armadas fazem isto!

           Por este motivo, e por muitos outros, é que se defende a criação da FNB. Esperamos que as autoridades algum dia se sensibilizem e tenham a ousadia de dar ao cidadão brasileiro o que realmente lhe é de direito: a garantia e o suporte para a preservação de sua vida.

20 de dez. de 2010

O Governo Dilma Roussef e a Força Nacional de Bombeiros

          Prezados leitores, penso que é hora de reprensar a estrutura dos serviços de prestação de socorro e atendimento a emergências no Brasil. Estamos em vésperas de chuvas torrenciais em todo o País e já sabemos qual será o resultado: deslizamentos de terra, soterramento de casas em encostas de morros, enchentes, desabrigados, mortos.....Não precisamos de "bolas de cristal" para sabermos o que vai acontecer no primeiro quadrimestre de 2011. No segundo quadrimeste, também sabemos o que vai acontecer: queimadas, incêndios florestais de grandes proporções, reservas ecológicas destruídas, mananciais de água ameaçados pela destruição da vegetação que os protegia, pois foi totalmente destruída pelo fogo, etc, etc, etc... Isso é cíclico, todos os anos acontece.

          A maioria dos municípios não tem como atender, em primeira resposta, a estes DESASTRES. Os Estados são incompetentes, no sentido de possuirem irrisórias forças de resposta para atender a esta crescente demanda por atendimento de pedidos de socorro. A União é omissa quanto ao assunto, pois sequer tem um serviço de resposta, o que é um crime contra o cidadão brasileiro, pagador de impostos (e não poucos). Como já dito anteriormente, o serviço de bombeiros é muito caro para ser suportado pelos Estados. É incoerente a Constituição Brasileira delegar somente aos Estados e ao Distrito Federal a gestão dos corpos de bombeiros. 
          
         Daremos um exemplo disso: Citemos o Estado do Piauí, que de acordo com o Senso 2010 publicado pelo IBGE (http://www.ibge.gov.br) apontou que a população daquele estado é de 3.119.015 habitantes, distribuídos em 224 municípios. Já o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí (http://www.cbm.pi.gov.br) conta com cerca de 400 bombeiros militares no seu efetivo e está presente apenas nos municípios de Teresina (capital) Paraníba, Picos e Floriano, ou seja 04 municípios. Seguindo o cálculo da proporço de bombeiros/ habitante para todo o estado, o Piauí tem 1,28x10-4 bombeiro/habitante, ou seja, o Governo Piauiense tem de disponibilizar 1,78 bombeiro para cada município caso tenha a intenção de atender a totalidade das municipalidades do Estado. O Corpo de Bombeiros Militar piauiense está presente em apenas 1,8 % dos seus municípios. Que proteção contra desastres o Governo Estadual dá aos seus cidadãos? Os nobres companheiros do CBMPI são guerreiros de verdade, pois dada a situação caótica de trabalho que seu "patrão" os impõe, ainda tentam dar conta do serviço na medida do possível.

          Esta situação não é só do Piauí, todos os Estados da Federação, com exceção do Distrito Federal, passam por esta calamidade, em mais alto ou menor grau. A União, o que faz diante de tal situação? Vai esperar acontecer grandes catátrofes no Brasil (já estão começando acontecer devido às mudanças climáticas globais e às convulsões sociais que passam os grandes centros urbanos e ainda a destruição desenfreada dos biomas brasileiros pela bandeira do progresso nacional) morrer mais alguns milhões de punhados de cidadãos brasileiros, fauna e flora, para reagir e tomar providências somente diante da pessão da opinião pública? Vamos pedir a Deus que nos proteja, pois de depender da Uniao e dos Estados brasileiros estamos todos condenados à morte!

           Por este motivo, e por outros já apresentados em artigos anteriores, é que respeitosamente alerto à Presidente eleita do Brasil, Dilma Roussef, a tomar medidas emergenciais no sentido da criação da Força Nacional de Bombeiros. Não que isto vá resolver o problema de imediato, mas vai amenizar a desorganização que atualmente existe no setor. Existem atualmente no Brasil 23 Corpos de Bombeiros Militares estaduais independentes, 4 Corpos de Bombeiros absurdamente ligados a Polícias Militares Estaduais (BA, PR, RS e SP) e corpos de bombeiros municipais, geralmente com efetivos voluntários nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Além desses, existe um número ainda não contado de bombeiros civis trabalhando para empresas privadas em todo o país.

           A Força Nacional de Bombeiros atuaria na fiscalização do Setor em todo o País, fazendo o papel da Inspetoria Geral das Polícias Militares do Exército Brasileiro para com os Corpos de Bombeiros Militares Estaduais; regulamentaria, controlaria e fiscalizaria a profissão de bombeiro civil no Brasil; cadastraria todos os efetivos militares e civis existentes no País e criaria um Plano Nacional de Chamada, lançando mão destes efetivos quando necessário, para atender a pedidos de emergência em qualquer parte do Território Nacional. Além disso, auxiliaria na implantação de corpos de bombeiros municipais e no fortalecimento dos Corpos de Bombeiros Estaduais, com compra de equipamentos, construção de estruturas, organização administrativa dos serviços de bombeiros, compra de viaturas e outros equipamentos de bombeiros, o que em médio prazo poderia reduzir o "Risco-Brasil de Desastres", tudo isso por meio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal.

           As tropas federais de bombeiros também atuariam no Distrito Federal, por meio do Corpo de Bombeiros Militar do DF, que seria seu subordinado direto, além de prestar socorro nos territórios federais e em áreas consideradas de segurança nacional e do patrimônio histórico da humanidade. Além disso,  atenderia a emergências ambientais em todo País como o combate a incêndios florestais em parques nacionais e nas áreas de preservação permaneten como Anazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal Matogrossense,  bem como atuaria no apoio aos efetivos estaduais e municipais em caso de desastres.

          Espero que a Excelentíssima Presidente Eleita Dilma Roussef pense na segurança e no bem estado dos cidadãos que irá governar nos próximos 4 anos. Que ela e sua assessoria leia este artigo e pense que prover segurança contra desastres é promover e se preocupar com o desenvolvimento do Pais, pois desenvolvimento traz desastres e expõe a população a riscos que outrora não existiam. Crie a Força Nacional de Bombeiros!

2 de out. de 2010

Força Nacional de Bombeiros

          A Força Nacional de Bombeiros a que me referi no artigo publicado em 16 de Abril de 2010 deve ser concebida para atender a crescente demanda por atendimento a chamados de socorro decorrentes dos constantes desastres que tem feito vítimas em todo o Brasil.
          A União é o único Ente Federativo que ainda não se organizou para prestar serviços de socorro à população Brasileira. Todos os Estados, o Distrito Federal e alguns municípios do País já possuem seus serviços de bombeiros, sejam eles profissionais ou voluntários.
          Os corpos de bombeiros militares estaduais e os corpos de bombeiros municipais não são suficientes para darem conta da crescente demanda. A União tem papel decisivo no fortalecimento dos serviços de prestação de socorro no País.
          Existem muitas áreas de preservação ambiental no Brasil além de serem de segurança nacional. Nesta lista se encontra toda a Amazônia Legal, o cerrado brasileiro, a região de Mata Atlântica e o Pantanal Matogrossense. A Região Amazônica é a de maior preocupação dos setores da segurança nacional pois nela se encontra uma biodiversidade em nenhum outro lugar encontrado no Planeta, além de possuir um subsolo riquíssimo em riquezas minerais tais como petróleo, metais preciosos e minérios raros. Outra riqueza natural que é de importância crucial para a vida humana é farta na Amazônia, que é a água potável. A região é o maior reservatório desta riqueza no Mundo. Por isto a área deve ser protegida e preservada.
          Aí o leitor deve se perguntar, onde entra o papel de um corpo de bombeiros federal neste cenário? Bem, uma instituição deste tipo possuiria um papel decisivo na preservação da biodiversidade da região, contra o efeito das ações danosas do ser humano, como queimadas, a contenção de derramamento de produtos perigosos nos rios e lagos da região, atuando também na descontaminação das reservas de água, proteção dos indígenas e povos ribeirinhos aos rios amazônicos, atuando como agentes de saúde destas populações, dentre outras ações estratégicas de proteção da floresta.
          Nos demais biomas brasileiros, este Corpo de Bombeiros Federal seria parceiro estratégico do Ministério do Meio Ambiente e organismos subordinados na proteção dos biomas brasileiros, nos serviços de prevenção, combate e extinção de incêndios florestais e atendimento a outras emergências ambientais.
         Este Corpo de Bombeiros mantido e organizado pela União também atuaria como um agente federal de execução de ações de defesa civil. O Governo Federal tem negligenciado no seu papel de apoio aos estados e municípios atingidos por grandes desastres. Nos últimos anos, enchentes de grande proporção, secas terríveis, ciclones extra-tropicais têm destruído cidades ou até mesmo regiões inteiras e os Estados e Municípios não têm dado conta em suportar os custos da logística de prestação de socorro e reconstrução das áreas atingidas por desastres naturais.
          A União demora dias, ou até mesmo meses, para atender aos pedidos de socorro e apoio solicitados pelos Estados e Municípios brasileiros. Esta criminosa negligência poderia ser evitada com ações simples de Estado por parte da União.
          A União já organiza e mantém uma força de bombeiros, que é o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), tal como prescrito no Art. 21, XIV. Esta Corporação de bombeiros é completamente atípica, sendo mantida e organizada com dinheiro saído dos cofres federais, mas subordinado ao Governador do Distrito Federal e com atuação restrita ao território do DF. De acordo com o ponto de vista jurídico isto, em princípio, é inconstitucional, pois fere o pacto federativo. Como um órgão organizado em mantido pela União pode ser subordinado ao Poder Executivo do DF?
          Uma força de bombeiros com mais de 9.000 bombeiros militares pagos com recursos federais atendem somente a uma população de um pouco mais de 2,5 milhões de habitantes! Vejo que este efetivo deveria atender ao DF, sim, por ser área de segurança nacional, mas não subordinado ao Governador do Distrito Federal e tampouco atendendo somente nos limites da Capital Federal. Este Corpo de Bombeiros poderia ser transferido para a esfera federal, atender aos chamados de socorro do DF e prestar o apoio necessário como agente federal de defesa civil aos demais Entes Federativos.
          Sei que para tal deveriam ser feitas alterações no texto constitucional. Penso que o próximo Presidente da República deveria providenciar as medidas necessárias para que estas mudanças fossem feitas.
          A estrutura do atual CBMDF, modificada pela Lei nº 12.086/2009 já atende às necessidades para esta demanda. Esta estrutura deveria se transformar na Força Nacional de Bombeiros (FNB), tendo o Corpo de Bombeiros Militar do DF como um comando especializado subordinado ao Comando Operacional, sendo colocada esta estrutura à disposição do Governador do DF, mediante a regulamentação do Art. 32, § 4º da Constituição Federal.
          Alguns gastos essenciais deveriam ser feitos, tais como a construção de unidades administrativas e operacionais em todos os estados do Brasil, aumento do efetivo dos atuais 9.000 bombeiros para um maior estimado em aproximadamente 35.000 bombeiros, compra de equipamentos necessários para a execução de suas novas funções como Força Federal de Bombeiros.
          Nos próximos artigos buscarei fundamentar legalmente esta proposta, bem como apresentar os instrumentos legais necessários para a sua concretização.

21 de abr. de 2010

Aniversário de Brasília

          Hoje Brasília faz 50 anos. A cidade é nova, mas sua idéia de construção é muito antiga. Nascida como a Capital da Esperança e o Eldorado Brasileiro, Brasília foi uma cidade sonhada por séculos por Portugueses e Brasileiros, para ser o centro das decisões politicas de uma nação soberana.

          Marquês de Pombal, Primeiro Ministro do Império Português na segunda metade do século XVII, já planejava transferir a capital do Reino de Portugal para o interior do Brasil. Com o Brasil já independente de Portugal, políticos e militares também sonhavam com a capital no interior do País, por motivos estratégicos e militates, como também para alavancar o crescimento do interior do País.

          Em 1823 o político brasileiro José Bonifácio de Andrada foi o primeiro a se referir à nova capital do Brasil, interiorizada, como "Brasília". Durante o período monárquico brasileiro, a idéia da mudança da Coorte do Império do Rio de Janeiro para o Interior sofria muita resistência. Já no Brasil República esta idéia foi renovada, tanto que na Constituição Brasileira de 1891 foi inserido no seu texto a previsão da mudança da Capital para o Inteior do Brasil.
   
         Cumprindo a determinação Constitucional, o Marechal Floriano Peixoto, 2º Presidente do Brasil, formou a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, com o intuito de demarcar uma área de 14.400 kilômetros quadrados, área esta onde seria instalada a nova capital dos brasileiros. Esta missão ficou sob a responsabilidade do Astrônomo  Belga Louis Ferdinand Cruls, ficando conhecida como a "Missão Cruls".

          Mesmo com todo este esforço, ainda não era a hora da realização do sonho da construção do novo Distrito Federal brasileiro. Este sonho só se tornou realidade em outubro de 1956, quando, por ordem de Juscelino Kubtschek de Oliveira, Tenente-Coronel médico das fileiras da Gloriosa Polícia Militar do Estado de Minas Gerais e, naquele momento, Presidente eleito do Brasil, ordenou a construção e transferência da nova Capital Brasileira.

          Foram 4 anos de lutas, políticas, econômicas e sociais, pela resistência das elites cariocas em tirar o status do Rio de Janeiro como o Distrito Federal, de determinados políticos e empresários que viam na transferência da Capital uma maneira de se distanciarem do Poder, dentre outras muitas.  Porém, mesmo depois de muitas batalhas travadas Juscelino inaugurou a sua maior obra, Brasília, em 21 de abril de 1960.

          Durante todo este tempo, a Capital Federal passou por uma série de mudanças. A cidade projetata para ter uma polulação de 500 mil habitantem em 2000, nesta mesma época já ultrapassava a marca de 2 milhões de habitantes. Para a capital de um País como o Brasil, Brasília ainda possui muitas deficiências. Um transporte coletivo muito precário, o que leva à população a comprar muito veículos, o que gera congestionamentos frequentes das  vias do Distrito Federal e entorno e, consequentemente, muito acidentes automobilíticos.

          O sistema de saúde da capital também é um ponto fraco. Brasília possui excelentes hospitais públicos, mas os brasilienses são os quem menos utilizam do aparato de saúde. Habitantes das cidades do entorno de Brasília, e até mesmo de municípios distantes, dos estados de Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Mato Grosso, Piauí, Maranhão, Pará, dentre outros, fazem uso indiscriminado do sistema hospitalar brasiliense, superlotando os hospitais e tornando a máquina de saúde do DF deficitária.

          A infraestrutura urbana também é um problema em Brasília. Bueiros entupidos e falta de mais galerias de águas pluviais em pontos de baixadas levam o Plano Piloto e as cidades-satélites do DF a imensos alagamentos nos meses chuvosos, alagando garagens de prédios, ruas e avenidas, causando uma série de estragos, todos passíveis de serem evitados.

          A ocupação criminosa e desordenada do solo do DF tem levado à instalação de comunidades inteiras em áreas de risco, como próximo de rios e córregos, áreas onde o solo é hidromorfo e em formações geológicas que são propícias à erosões. Consequência, muita gente está insladada em áreas onde desabamento de casas podem ocorrer.

          Existem muitos outros problemas em Brasília, que seria impossível enumerá-los em tão breves palavras.

Bombeiros em Brasília

          Entre 1956 e 1964, o serviços de combate e extinção de incêndios era feito pela antiga Guarda Especial de Brasília, a GEB. Este órgão fazia as vezes dos serviços de segurança pública durante a construção da Cidade, bem como nos seus primeios anos de existência.

          Contudo, no ano de 1964, o então Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, Coronel Osmar Alves Pinheiro, tratou de fazer a difícil tarefa de transferência dos bombeiros do DF do Rio de Janeiro para Brasília. A trnsferência do efetivo foi feito em 4 fases, sendo 3 delas por via aérea e um grupo por via terrestre.

          Este último grupo, o mais bravo de todos, veio do Pavilhão de São Cristóvão, na Cidade do Rio de Janeiro, até o centro de Brasília, em inacreditáveis 26 dias. Quando os andarilhos e bravos soldados do fogo adentraram ao eixo rodoviário de Brasília, o atual eixão, foram imensamente aplaudidos pela população local, pois eles realmente tinham realizado um feito heróico e histórico, enfrentando as dificuldades de se deslocarem para a nova capital por vias que sequer eram construídas, pois a ligação rodoviária Rio-Brasília ainda não existia. 

          O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal se instalou de forma brava na Nova Capital federal. Cresceu, se equipou, instalou unidades em quase todas as regiões administrativas e ainda continua crescendo e se modernizando, isto tudo para melhor atender ao maior bem que Brasília possui: seu povo, sua gente.

          Parabéns, Brasília, pelos seus 50 anos!
 

16 de abr. de 2010

Por que o Governo Federal deve Criar um Corpo de Bombeiros Nacional?

           O Brasil sendo um país de dimensões continentais, rumo ao primeiro mundo, com a maior floresta tropical do mundo, uma riqueza natural sem similares em nenhum outro país, precisa de proteger todo este patrimônio natural.
        O nosso Brasil também não é só maravilhas. A ação depredatória do ser humano na Floresta Amazônica e na extensa região do cerrado brasileiro decorrente da exploração não sustentável de madeiras de lei, a formação desenfreada de áreas de pasto para a pecuária extensiva de corte, a destruição de paraísos ecológicos para a extração de minérios e pedras preciosas, da ocupação resregrada e irresponsável do solo em áreas urbanas têm causado uma série de desastres, ceifado vidas e destruído muitos patrimônios dos brasileiros, sejam eles públicos ou privados.

          Além disso, as condições de relevo, hidrografia e clima em determinadas regiões do país, tais como as montanhas do Rio de Janeiro, com seus deslizamentos de terra nos meses de chuva, o sertão do Nordeste Brasileiro semi-árido, o Pantanal Matogrossense com seus alagamentos sazonais todos os anos, são eventos previsíveis, mas esquecidos pelos governos dos entes da Federação.
          Os acidentes naturais brasileiros, aliados às condições climáticas tropicais do país, em conjunto com a negligência continuada das autoridades brasileiras quanto ao crescimento das cidades a ocupação sem regras das áreas de floresta, de pantanal e das bacias de rios caudalosos têm causado grande destruição e mortes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, na região do Vale do Rio Itajaí, entre outras nestes últimos 2 anos.

         Não pode se esquecer das queimadas que ocorrem anualmente em todo o Brasil, na Região Amazônica, no Cerrado do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, na região de Mata Altântica dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo e nas florestas temperadas dos estados de Sul do Brasil. São todos eventos cíclicos e previsíveis, podendo perfeitamente serem evitados.

         Juntamente com isto, a população brasileira tem um senso de risco muito baixo, onde ela sempre pensa que "o desastre vai sempre acontecer na casa do vizinho e nunca na cada dele". Por este motivo as ruas dos centros metropolitanos estão cheias de lixo, as epidemias de dengue são a cada ano maiores, as encostas dos perigosos morros e as margens dos rios que cortam áreas urbanas ocupadas, as florestas derrubadas e muito mais. Estas são AÇÕES PESSOAIS, não sendo elas culpa dos Governos. Isto é EDUCAÇÃO que falta ao brasileiro, que não é dada principalmente em casa, não sendo esta obrigação das escolas.

          Outro fator preocupante é o fato e possuir não mais que 350 municípios, dos mais de 5.500 existentes no Brasil, com serviços regulares de bombeiros, como já foi discorrido fartamente em artigos anteriores. Este quadro desolador aliado à completa desproteção da população brasileira contra os desastres deveria levar o Governo Federal a tomar uma atitude ante à situação catastrófica formada.

          O que se propõe aqui é uma ação simples de governo que vai gerar ações de Estado em médio e longo prazos , impactando sobremaneira e positivamente este quadro caótico apresentado acima. Existe uma necessidade iminente da União criar uma Força Nacional de Bombeiros (FNB), tal qual ela fez com a Força Nacional de Segurança Pública. Esta força, composta por contingentes federais, com poder de mobilizar contingentes estaduais e municipais, atuaria na prevenção de desastres em apoio aos corpos de bombeiros estaduais e municipais.

          A FNB trabalharia ativamente no apoio às corporações estaduais e municipais de bombeiros com pessoal especializado em gestão, operações e logística operacional de proteção civil. A nova Força seria o organismo federal de execução de ações de defesa civil e de um amplo e necessário mapeamento de riscos de desastres de todo o território brasileiro. Além disso, trabalharia ativamente na produção de campanhas publicitárias e programas de conscientização da população sobre temas como prevenção e primeiros socorros a vítimas de acidentes e desastres, bem como no apoio direto na reconstrução e recuperação das áreas atingidas por desastres.

          A União já tem os efetivos federais para uma FNB, que é o efetivo pago e mantido por ela do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Com o aumento de efetivos que teve recentemente, o CBMDF passou a ter um pouco mais de 9 mil bombeiros militares previstos em seus quadros. Sabe-se que só o efetivo do Corpo de Bombeiros Militar da Capital Federal não seria suficiente para a execução de tão volumosa quantidade de serviços. Seria necessária a contratação de mais pessoal para tal. Contudo, os Estados, em primeira instância, depois os municípios, também teriam de dar suas cotas-participações, disponibilizando efetivos mobilizáveis para a FNB, de modo a se criar uma rede de mobilização para emprego em caso de ocorrência de grandes desastres.

          Em resposta à pergunta-título deste artigo, a União não só pode, como deve criar um Corpo de Bombeiros Federal. Os meios já existem, só falta vontade política para tal. Até quando vai ter que morrer brasileiros inocentes nos desastres que anualmente ocorrem no país para a União tomar providências a respeito. Os sistemas de socorro dos Estados só vão se fortalecer e se tornar mais efetivos com apoio direto do Governo Federal. Quero escrever mais sobre o assunto, onde pretendo apresentar mais artigos de como a FNB poderia ser organizada, mantida e posta em operação.

15 de abr. de 2010

Piso Salarial Nacional para os Bombeiros Civis

        Tal como está acontecendo com os bombeiros militares, é necessário que seja fixado, por lei, um piso salarial nacional para os bombeiros profisisonais civis. Como já são categoria de trabalho reconhecida pela Lei nº 11.901/2009, também é necessário que se estabeleça o quando vão ganhar os bombeiros civis, de acordo com o o seu nível.
          Atualmente, aqui em Brasília, um brigadista de incêndio ganha entre R$ 750,00 a R$ 1.800,00 por mês. Dada a complexidade do serviço que eles prestam, juntamente com o risco que enfrentam, este salário é muito baixo. Tomando por base a classificação dada no Artigo 4º da lei acima citada, pode-se prever os seguintes pisos salariais:
          1) Bombeiro civil - nível básico : R$ 2.500,00
          2) Bombeiro Líder:                     R$ 4.000,00
          3) Bombeiro Mestre:                  R$ 7.000,00
          Menos que estes valores seria desmerecer a categoria, que necessita de uma formação especial, que demanda muitas horas de formação e especialização. Além disso, é uma profissão altamente técnica e que lida diretamente com vidas humanas e um valor incontável de bens.

A Importância da Melhoria da Formação de um Bombeiro Civil

          Com a vigoração da Lei nº 11.901/2009, criando a profissão de bombeiro civil, uma antiga reivindicação da categoria dos brigadistas de incêndio, tornou uma realidade o sonho de muitos em ter verdadeiramente uma profissão da qual possam tirar seu sustento e se orgulhar de fazerem parte dela.
          Agora como profissão, a categoria de bombeiro civil necessita de um forjamento profissional mais profundo, com um nível técnico muito maior, de modo a oferecer ao seu cliente um serviço de qualidade e garantir a sua segurança, salubridade e bem-estar.
          Um bombeiro civil, tal qual um bombeiro militar, tem por função social garantir a segurança de seus clientes contra incêndios, acidentes e desastres. Os bombeiros militares têm por região de atuação as áreas públicas e as cidades como um todo. Já os bombeiros profissionais civis têm por região de atuação os territórios privados de propriedade de seus clientes.
          Observa-se que a atuação dos bombeiros militares e profissionais civis são concorrentes no âmbito da coisa privada. Contudo, na coisa comum, a atuação é exclusiva dos bombeiros militares, podendo ser convocados os bombeiros profissionais civis, eventualmente, para atuarem em conjunto com os militares, sob o comando e supervisão deles.
          Logo, por este motivo, a formação do bombeiro profissional civil deve ser extremamente rigorosa e aprofundada nas técnicas de prevenção, combate e extinção de incêndios, busca e salvamento, emergências médicas e atendimento a emergências com produtos perigosos.
          Além disso, é necessário que um bombeiro profissional civil tenha conhecimentos básicos sobre defesa civil, higiene e segurança do trabalho e sistema de comando de incidentes, pois eles também são agentes de defesa civil.
          Outras competências devem ser conferidas aos bombeiros civis, todas necessárias para o desenvolvimento de sua atividade com segurança e qualidade de serviços prestados. Diante destas necessidades, a formação de um bombeiro civil não pode ter uma carga horária menor que 800 horas/aula, ou seja, muito superior as atuais 150 horas/aula, em média, da formação dos atuais brigadistas de incêndio.
          Portanto, diante deste cenário, é necessário que os corpos de bombeiros estaduais e do Distrito Federal estejam exercendo uma fiscalização mais rigorosa sobre as escolas de formação e especialização de bombeiros civis, bem como obrigar as escolas a terem um campo de treinamento próprio, com uma estrutura básica que inclua o mínimo de equipamentos necessários para a formação de um bombeiro civil, tais como: torre para treinamentos de combate a incêndio e salvamento, tanque de combustível para treinamento de combate a incêndios, casa de fumaça, entre outros equipamentos de treinamentos previstos na NBR 14.277:2005.

           Então, torna-se necessário que os Corpos de Bombeiros Militares Estaduais e do Distrito Federal estejam baixando normas técnicas específicas que regulem a formação básica do bombeiro civil, tal qual já fazem com os brigadistas. Deste modo, os novos profissionais bombeiros civis poderão exercer sua profissão com zelo e qualidade técnica.

          Quem ganha com isto é o profissional, em primeiro lugar, pois terá uma qualificação mais técnica e profissionalmente encorpada. Depois deles ganham as empresas prestadoras de serviços de segurança contra incêndio, busca e salvamento e emergências médicas, pois terão um profissional melhor qualificado. Por último, ganha a sociedade, pois ela vai poder esperar deste profissional melhor qualificado um maior profissionalismo e a garantida que sua vida e seus bens estarão melhor salvaguardados.

13 de abr. de 2010

Piso Salarial Nacional para os Bombeiros Militares

          Lembro-me dos meus tempos de criança, pelos idos de 1984, quando meu pai ainda na ativa como Major do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal recebia igual a um cabo das Forças Armadas. Os bombeiros do DF realmente ganhavam uma miséria! Apesar de meu pai naquela época possuir status de "oficial superior", ele não possuía um "bolso" condizente com o título que ostentava. Vendo esta injustiça, sendo CBDF organizado e mantido pela União, o então Presidente José Sarney, durante seu governo, tratou de equiparar os salários dos bombeiros e dos policiais militares do DF com o das Forças Armadas. Como as coisas melhoraram!
          Ao ver a luta dos policiais e bombeiros militares dos Estados da Federação para a adoção de um piso salarial, penso que a luta deles seja a mesma que os bombeiros e PM do DF tireveram naquela época. Luta justa e necessária, visto que a guerra que os militares dos Estados e do Distrito Federal enfentam é diária, contra a criminalidade crescente neste país, bem como com a escalada da ocorrência de desastres, todos provocados pelo desrespeito humano à natureza.
          Contudo, com a reivindicação de salários feito pelos bombeiros e policiais militares estaduais, traduzidos na força que vêm demonstrando na participação em massa na tramitação e votações da PEC 300/2008, vem junto o desejo da sociedade em unificar as polícias civil e militar, bem como a desmilitarização das corporações militares estaduais, que é traduzida na PEC 432/2009, apensada à PEC 430/2009.
          Não só os salários vão ser revisados e aumentados, mas também todo o sistema de segurança pública nacional. Os bombeiros e policiais dos estados vão ter um piso salarial nacional. Isto é fato. A sociedade vai ter uma polícia unificada, isto também é outro fato. Os salários dos militares estaduais vão ser aumentados, a PEC tramitar a galopes, já no ano que vem. Mas os militares estaduais vão ser militares até quando?
          Certamente haverá uma regra de transição. Os militares estaduais, tanto os da ativa quanto os da inatividade, não vão deixar de possuir o status de "militares". A PEC 432 prevê que os militares da ativa poderão escolher se continuam militares ou se migram para os novos quadros civis.
          Este também é o momento para lutarmos no sentido de tornar as carreiras de bombeiro e de policial dos Estados e do Distrito Federal em carreiras de estado, no Texto Constitucional.  Estes profissionais possuem trabalho perigoso e insalubre, são obrigados à dedicação exclusiva para a profissão, são proibidos de se sindicalizarem e muito menos a fazerem greve. Estão em contato direto com a criminalidade, sendo passíveis de serem corrompidos pois recebem baixos salários. Por estes motivos, tanto policiais quanto bombeiros deveriam estar recebendo tanto quanto os promotores de justiça e os juízes! Porque não focamos esta imensa força que estamos mostrando ter para alcançar este objetivo? Pense nisso.....

9 de abr. de 2010

Custos de Implantação de um Serviço Público de Bombeiros

          Será que os Estados da Federação, ou a própria União, estariam dispostos a financiar a cobertura total de seus territórios com os caros serviços de atendimento a emergências contra desastres? Vejamos uma análise de custos simples sobre a questão.
          Tomemos como exemplo o Estado de Minas Gerais, que possui a maior quantidade de municípios dentre todos do País, com 853. Se considerar somente a região Metropolitana de Belo Horizonte, que possui 34 municípios, a seguir discriminados, com a sua respectiva população (dados de 2007), e a média de bombeiros/ habitante consolidada mundialmente, que é de 01 bombeiro/1.000 habitantes, vai se chegar à conclusão que, para esta região do Estado de Minas Gerais, haverá a necessidade da implantação de 223 unidades de bombeiros.
Município
População (habitantes)
Baldim
8.274
Belo Horizonte
2.412.937
Betim
415.098
Brumadinho
31.965
Caeté
39.039
Capim Branco
8.763
Confins
5.680
Contagem
608.650
Esmeraldas
55.436
Florestal
5.928
Ibirité
148.535
Igarapé
31.135
Itaguara
12.292
Itatiaiuçu
8.953
Jaboticatubas
15.496
Juatuba
19.528
Lagoa Santa
44.922
Mário Campos
11.421
Mateus Leme
25.627
Matozinhos
33.317
Nova Lima
72.207
Nova União
5.461
Pedro Leopoldo
56.518
Raposos
14.874
Ribeirão das Neves
329.112
Rio Acima
8.257
Rio Manso
5.007
Sabará
120.770
Santa Luzia
222.507
São Joaquim de Bicas
22.214
São José da Lapa
17.900
Sarzedo
23.282
Taquaraçu de Minas
3.757
Vespasiano
94.191

          Para se chegar a este valor, levou-se em consideração uma unidade de bombeiros considerada “padrão” (UBP) composta por uma viatura de pronto socorro urbano e uma ambulância, e estrutura física para abrigar estas viaturas e efetivo para operá-las.
          Uma viatura de pronto socorro urbano é aquela que possui recursos materiais necessários para a realização de combate e extinção de incêndios, buscas, salvamentos e resgate e apoio às atividades de emergências médicas. Uma viatura deste tipo custa, em valores médios, cerca de R$ 500.000,00. Para operá-lo é necessário uma guarnição de 04 bombeiros.
          Já uma viatura do tipo ambulância é aquela destinada a prestar socorro de atendimento pré-hospitalar de emergência, em nível de suporte básico de vida. Uma viatura deste tipo custa cerca de R$ 250.000,00. Para que seja efetiva, é necessário compô-la de uma guarnição de 03 bombeiros.
          Por fim, uma UBP deve possuir mais 01 bombeiro, para auxiliar nas atividades de comunicação, dentre outras. Logo, uma ala de serviço, ou seja, o efetivo diário de bombeiros numa unidade padrão de bombeiros proposta e utilizada como exemplo neste artigo, seria de 08 bombeiros. Supondo que a escala de serviço escolhida para a operacionalização do sistema de socorro da Região Metropolitana de BH seja de 24 horas de serviço por 48 horas de descanso (escala 24x48), seria necessário a contratação de 24 bombeiros por UBP.
          Considerou-se que uma UBP deva abrigar 02 viaturas de socorro de médio porte e 24 bombeiros, sendo 08 por dia, tendo 02 dormitórios com banheiro (um masculino e outro feminino), 01 lavabo, 01 salão social, 01 escritório para servir de secretaria, uma sala de reuniões, uma cozinha e uma sala de jantar, possuindo uma área média de 250 m2. Considerando que o metro quadrado acabado praticado na região da Grande BH, para uma edificação habitacional residencial fino é de cerca de R$ 1.226,31, uma UBP custaria aproximadamente 306 mil e 580 reais.
          Logo, o capital de investimento a ser aplicado pelo Governo de Minas Gerais no CBMMG (pois o Corpo de Bombeiros naquele Estado é militar e estadual), seria de mais ou menos 68 milhões e 340 mil reais em obras de construção civil e 167 milhões e250 mil reais, custando aos cofres estaduais o valor final médio de R$ 235.617.340,00! Observe que este valor é só para atender 34 municípios de 853 existentes no Estado. Ainda faltariam atender as necessidades por serviços de bombeiros de outros 819 municípios!
          Já quanto ao custo de pessoal? Vejamos: se cada UBP, das 223 necessárias, vai ter um efetivo de 24 bombeiros, então, seria necessário um efetivo de 5.352 bombeiros militares. Não está se levando em consideração as necessidades de reposição de pessoal em caso de férias e outros afastamentos do serviço, de modo a manter constantemente o efetivo diário sem alteração numérica.
          Considerando que o salário de um soldado bombeiro daquele Estado seja de aproximadamente 4 mil reais, depois da aprovação da PEC 300, e que o efetivo será composto somente de soldados bombeiros militares (o que na hierarquia militar é inconcebível), o gasto mensal médio de pessoal para a manutenção deste efetivo seria de 21 milhões e 408 mil reais. Logo, o gasto anual do Governo mineiro para manter o socorro necessário para atender plenamente os municípios da Grande BH seria de cerca de 300 milhões de reais por ano!
          Continua-se dizendo que os valores grosseiros aqui apresentados são para atender as necessidades de 34 municípios mineiros, deixando-se órfãos outros 819! E ainda não se estimou os custos de manutenção do sistema e outros necessários para se estimar o orçamento para se manter esta pesada estrutura operacional.
          Volta-se a pergunta: será que os Estados têm condições de bancar os custos de uma estrutura deste porte na totalidade de seus territórios, o que é necessário e constitucional? Penso que não. Sabe-se que não existe somente Corpo de Bombeiros num Estado, mas também Polícias Civil e Militar, além de outras prioridades como saúde, educação e infra-estrutura.